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Gravidez heterotópica espontânea
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Introdução: A gravidez heterotópica é caracterizada por uma gravidez intrauterina associada a uma gravidez em sítio ectópico extrauterino. É atípica, sobretudo quando ocorre de forma espontânea, e tem prevalência estimada em 1:30.000 gestações. O relato em questão aborda um caso atípico de gravidez heterotópica e discute as dificuldades diagnósticas. Relato de caso: Mulher, 24 anos. Histórico de cesárea realizada há seis anos, sem intercorrências. Início gestacional calculado pela data da última menstruação, de seis semanas e cinco dias. Queixa-se de dor lombar irradiada para baixo ventre há três dias, associado a sangramento em pequena quantidade. O exame especular evidenciou sangramento residual em fundo de saco. O hormônio gonadotrofina coriônica (β-HCG), após a primeira avaliação, resultou em 3.495 mUI/mL. A ultrassonografia transvaginal (USGTV) indicou, no fundo da cavidade endometrial, saco gestacional contendo imagem embrionária e movimentos cardíacos ausentes, concomitante à presença de uma massa em região anexial direita. Haja vista o aborto tópico, iniciou-se o preparo do colo uterino com misoprostol 200 mcg para a realização de curetagem uterina. O procedimento não teve intercorrências. Três dias depois, nova USGTV apontou massa na região anexial direita, anterior ao fundo uterino, sugestiva de saco gestacional bem configurado, contendo embrião com atividade cardíaca presente e valor do βHCG de 4.523 mUI/mL. Dessa forma, realizou-se laparostomia com salpingectomia à direita. A paciente manteve-se estável, com boa recuperação e alta hospitalar. Conclusão: A gravidez heterotópica possui sinais e sintomas inespecíficos, que podem ser confundidos com outras causas de dor abdominal, sendo comumente diagnosticada após um quadro de abdome agudo hemorrágico decorrente da ruptura da tuba uterina. Os níveis séricos de βhCG predizem gravidez, mas podem não ser parâmetro para casos de gravidez combinada. A realização da USGTV durante o início gestacional é imprescindível para o diagnóstico precoce, ressaltando a necessidade de avaliação completa tanto uterina quanto das regiões anexiais, já que, muitas vezes, a presença de gravidez tópica pode desviar a atenção do operador do exame. Não há consenso acerca da melhor conduta; no caso em questão, houve aborto da gravidez intrauterina e apenas feto ectópico com atividade cardíaca, o que tornava a gestação inviável. Sendo assim, a curetagem para o aborto tópico é indicada. Quanto ao feto ectópico, realizou-se laparostomia com salpingectomia à direita, em razão do local de implantação do saco gestacional. Quando unilateral, é possível manter a capacidade reprodutiva da paciente. Em suma, mesmo não sendo um diagnóstico simples, todo quadro com βHCG positivo e queixa de dor abdominal deve ser investigado por ultrassonografia das regiões anexiais para descartar a existência de uma gravidez heterotópica, assegurando o diagnóstico precoce e o bom prognóstico das pacientes.
Zeppelini Editorial e Comunicação
Title: Gravidez heterotópica espontânea
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Introdução: A gravidez heterotópica é caracterizada por uma gravidez intrauterina associada a uma gravidez em sítio ectópico extrauterino.
É atípica, sobretudo quando ocorre de forma espontânea, e tem prevalência estimada em 1:30.
000 gestações.
O relato em questão aborda um caso atípico de gravidez heterotópica e discute as dificuldades diagnósticas.
Relato de caso: Mulher, 24 anos.
Histórico de cesárea realizada há seis anos, sem intercorrências.
Início gestacional calculado pela data da última menstruação, de seis semanas e cinco dias.
Queixa-se de dor lombar irradiada para baixo ventre há três dias, associado a sangramento em pequena quantidade.
O exame especular evidenciou sangramento residual em fundo de saco.
O hormônio gonadotrofina coriônica (β-HCG), após a primeira avaliação, resultou em 3.
495 mUI/mL.
A ultrassonografia transvaginal (USGTV) indicou, no fundo da cavidade endometrial, saco gestacional contendo imagem embrionária e movimentos cardíacos ausentes, concomitante à presença de uma massa em região anexial direita.
Haja vista o aborto tópico, iniciou-se o preparo do colo uterino com misoprostol 200 mcg para a realização de curetagem uterina.
O procedimento não teve intercorrências.
Três dias depois, nova USGTV apontou massa na região anexial direita, anterior ao fundo uterino, sugestiva de saco gestacional bem configurado, contendo embrião com atividade cardíaca presente e valor do βHCG de 4.
523 mUI/mL.
Dessa forma, realizou-se laparostomia com salpingectomia à direita.
A paciente manteve-se estável, com boa recuperação e alta hospitalar.
Conclusão: A gravidez heterotópica possui sinais e sintomas inespecíficos, que podem ser confundidos com outras causas de dor abdominal, sendo comumente diagnosticada após um quadro de abdome agudo hemorrágico decorrente da ruptura da tuba uterina.
Os níveis séricos de βhCG predizem gravidez, mas podem não ser parâmetro para casos de gravidez combinada.
A realização da USGTV durante o início gestacional é imprescindível para o diagnóstico precoce, ressaltando a necessidade de avaliação completa tanto uterina quanto das regiões anexiais, já que, muitas vezes, a presença de gravidez tópica pode desviar a atenção do operador do exame.
Não há consenso acerca da melhor conduta; no caso em questão, houve aborto da gravidez intrauterina e apenas feto ectópico com atividade cardíaca, o que tornava a gestação inviável.
Sendo assim, a curetagem para o aborto tópico é indicada.
Quanto ao feto ectópico, realizou-se laparostomia com salpingectomia à direita, em razão do local de implantação do saco gestacional.
Quando unilateral, é possível manter a capacidade reprodutiva da paciente.
Em suma, mesmo não sendo um diagnóstico simples, todo quadro com βHCG positivo e queixa de dor abdominal deve ser investigado por ultrassonografia das regiões anexiais para descartar a existência de uma gravidez heterotópica, assegurando o diagnóstico precoce e o bom prognóstico das pacientes.
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