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Giordano Bruno e a crise religiosa da segunda metade do século XVI

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Neste artigo abordamos a crise religiosa que assolou a Europa no século XVI, iniciada com Martinho Lutero (1483-1546) quando tornou pública a sua insatisfação em 1517, contra vários procedimentos da Igreja Católica Apostólica Romana, em particular o tema das indulgências. O movimento denominado Contrarreforma ou Reforma Católica foi uma reação à disseminação dessas ideias, teve como auge a realização do Concílio de Trento realizado em 1545. Teremos como referência para esse estudo a compreensão elaborada por Giordano Bruno (1548-1600) exposta na obra Spaccio de la bestia trionfante, 2007, publicada em Londres em 1584. A referida obra trata especificamente da crise dos valores morais advinda da cisão dos cristãos em católicos e protestantes.  A moral, segundo Bruno é o campo de discussão dos vícios e virtudes, considerados por ele como os primeiros princípios da moral e a religião é considerada como fomentadora da manutenção do convívio social. Para Bruno a sociedade do século XVI não tinha uma religião que desempenhasse este papel, pois se encontrava esfacelada, já que cada grupo defendia uma religião e uma interpretação particular das sagradas escrituras e, porque não dizer, de Deus. A questão principal que permeia a nossa investigação é: o que leva Bruno a criticar seja os católicos, seja os protestantes;  o que nos levou a uma outra indagação: ao criticar ambas, Bruno propõe uma terceira via, um outro sistema religioso? Concluímos que a religião, para Bruno, deve ser considerada como um aglutinador social, um instrumento político a ser usado pelos governantes para manter a ordem entre os seus súditos. Os protestantes e os católicos, ao disputarem a posição de verdadeiros intérpretes da divindade, dos sacramentos e das sagradas escrituras, contribuíram para estabelecer a discórdia entre os fiéis, não cumprindo, assim, o seu papel de mantenedora da paz entre os diferentes grupos sociais. Uma possível saída da crise, anunciada no Spaccio, entendemos que está relacionada a incorporação da religião pelo poder político, ou seja, pelo Estado.
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Title: Giordano Bruno e a crise religiosa da segunda metade do século XVI
Description:
Neste artigo abordamos a crise religiosa que assolou a Europa no século XVI, iniciada com Martinho Lutero (1483-1546) quando tornou pública a sua insatisfação em 1517, contra vários procedimentos da Igreja Católica Apostólica Romana, em particular o tema das indulgências.
O movimento denominado Contrarreforma ou Reforma Católica foi uma reação à disseminação dessas ideias, teve como auge a realização do Concílio de Trento realizado em 1545.
Teremos como referência para esse estudo a compreensão elaborada por Giordano Bruno (1548-1600) exposta na obra Spaccio de la bestia trionfante, 2007, publicada em Londres em 1584.
A referida obra trata especificamente da crise dos valores morais advinda da cisão dos cristãos em católicos e protestantes.
  A moral, segundo Bruno é o campo de discussão dos vícios e virtudes, considerados por ele como os primeiros princípios da moral e a religião é considerada como fomentadora da manutenção do convívio social.
Para Bruno a sociedade do século XVI não tinha uma religião que desempenhasse este papel, pois se encontrava esfacelada, já que cada grupo defendia uma religião e uma interpretação particular das sagradas escrituras e, porque não dizer, de Deus.
A questão principal que permeia a nossa investigação é: o que leva Bruno a criticar seja os católicos, seja os protestantes;  o que nos levou a uma outra indagação: ao criticar ambas, Bruno propõe uma terceira via, um outro sistema religioso? Concluímos que a religião, para Bruno, deve ser considerada como um aglutinador social, um instrumento político a ser usado pelos governantes para manter a ordem entre os seus súditos.
Os protestantes e os católicos, ao disputarem a posição de verdadeiros intérpretes da divindade, dos sacramentos e das sagradas escrituras, contribuíram para estabelecer a discórdia entre os fiéis, não cumprindo, assim, o seu papel de mantenedora da paz entre os diferentes grupos sociais.
Uma possível saída da crise, anunciada no Spaccio, entendemos que está relacionada a incorporação da religião pelo poder político, ou seja, pelo Estado.

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