Comportamento fenomenológico de Mimosa opthalmocentra Mart. Ex Benth. Em uma área de Caatinga no semiárido paraibano, Brasil.

A fenologia estuda o desenvolvimento das espécies relacionando-o com os fatores bióticos e abióticos, sendo que cada condição climática proporciona um desenvolvimento único. Objetivou-se neste trabalho estudar as características fenológicas da Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth., em uma área de Caatinga no município de Sumé-PB, ofertando assim subsídios para restauração ecológica de áreas degradadas e a conservação ecossistêmica no Semiárido brasileiro. No Espaço Experimental Reservado para Estudos de Ecologia e Dinâmica da Caatinga – Área I do Laboratório de Ecologia e Botânica – LAEB/CDSA/UFCG foram demarcadas 96 parcelas contíguas de 10 X 10 m em uma área de 1,05 ha. Nestas unidades amostrais 80 indivíduos foram identificados, em seguida foram demarcados e monitorados no período de Janeiro de 2014 à Janeiro de 2015. Através deste monitoramento foram observados os estágios fenológicos (brotação, floração, frutificação, dispersão, queda foliar, queda de flores e queda de frutos) e foram analisados conjuntamente com os dados de precipitação local. Os dados de precipitação obtidos para a cidade de Sumé-PB ano de 2014 demonstraram que no período amostral da pesquisa, a precipitação média mensal foi de 647,5 mm (ano de 2014) e 1,2 mm (Janeiro de 2015). Para as fenofases ficou evidenciado que durante quase todo o período avaliado os indivíduos apresentaram estágios vegetativos (brotação e queda foliar), tendo estes ocorridos de forma independente da precipitação. Assim, devido a espécie estudada apresentar queda foliar durante todo o ano, a mesma pode ser considerada semidecídua. Nem todos os estágios reprodutivos (floração, frutificação e dispersão) foram identificados em sua totalidade, entretanto todos os indivíduos apresentaram algum tipo de estágio reprodutivo ao longo do período de monitoramento e quando relacionados com a precipitação, o que teve relação direta foi a floração. A frutificação teve relação com a mesma variável, mas não de forma imediata, já a dispersão teve relação inversa com a precipitação e é caracterizada como autocórica. Foi também analisada a queda de frutos e de flores, ocorrendo com menor frequência, de forma independente nos primeiros seis meses e seguindo um padrão de acompanhamento com a precipitação no restante dos meses. Portanto, se conclui que ocorreram todos os estágios fenológicos durante o período de estudo, sendo ressaltada a relação da floração e frutificação com os fatores sazonais de precipitação, demonstrando a relevância da análise fenológica para a compreensão das respostas que definem a ecologia dessa população.